domingo, 6 de novembro de 2011

A Era Axial...


Toda geração talvez acredite ter chegado a um ponto crítico da história, porém nossos problemas parecem particularmente difíceis e nosso futuro se mostra cada vez mais incerto. Muitas de nossas dificuldades mascaram uma crise espiritual mais profunda. Ao longo do século XX, assistimos à erupção de uma violência sem precedentes. Infelizmente, nossa capacidade de nos infligir danos e mutilações tem acompanhado nosso extraordinário progresso econômico e científico.
Parece nos faltar sabedoria para refrear nossa agressividade e mantê-la dentro de limites seguros. A explosão das primeiras bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki revelou a autodestruição e o niilismo existentes no bojo das brilhantes
ealizações de nossa cultura moderna. Corremos o risco de uma catástrofe ambiental porque já não vemos a terra como sagrada, mas a consideramos um simples "recurso". Se não houver uma revolução espiritual à altura de nosso gênio tecnológico, é improvável que salvemos nosso planeta. Uma educação puramente racional não será suficiente. Descobrimos, com pesar, que uma grande universidade pode funcionar perto de um campo de concentração. Auschwitz, Ruanda, Bósnia e a destruição do World Trade Center constituem sinistras demonstrações do que pode acontecer quando perdemos o sentido da sagrada inviolabilidade de cada ser humano.
A religião, que deveria nos ajudar a cultivar esse sentido, com freqüência parece refletir a violência e o desespero de nossa época. Praticamente todo dia nos deparamos com exemplos de terrorismo, ódio e intolerância de motivação religiosa.
Um número crescente de pessoas considera irrelevantes e inacreditáveis as doutrinas e práticas religiosas tradicionais e busca nas artes plásticas, na música, na literatura, na dança, no esporte ou nas drogas a experiência transcendente que parece necessária aos seres humanos. Todos ansiamos por momentos de êxtase, quando vivemos nossa humanidade com uma plenitude maior que a habitual e nos sentimos profundamente tocados por dentro e elevados acima de nós mesmos.
Somos criaturas à cata de sentido e, ao contrário de outros animais, facilmente nos desesperamos, se não conseguimos ver significado e valor em nossas vidas. Alguns procuram novas maneiras de ser religiosos. Desde a década de 1970 vem ocorrendo, em muitos lugares do mundo, um renascimento espiritual, e a devoção militante que muitas vezes chamamos de "fundamentalismo" é apenas uma manifestação de nossa busca pós-moderna de esclarecimento.
Em nossa atual conjuntura, creio que podemos encontrar inspiração no período que o filósofo alemão Karl Jaspers chamou de Era Axial, porque foi decisivo para o desenvolvimento espiritual do gênero humano. Entre aproximadamente 900 e 200 a.C., surgiram, em quatro regiões distintas, as grandes tradições mundiais que continuam alimentando a humanidade: confucionismo e daoísmo na China, hinduísmo e budismo na Índia, monoteísmo em Israel e racionalismo filosófico na Grécia. Essa foi a época de Buda, Sócrates, Confúcio e Jeremias, dos místicos das Upanishads, de Mêncio e Eurípides. Nesse período de intensa criatividade, gênios espirituais e filosóficos inauguraram um tipo inteiramente novo de experiência humana. Muitos trabalharam no anonimato, porém outros se tornaram luminares que ainda conseguem nos emocionar, porque nos mostram como uma criatura humana deveria ser. A Era Axial foi um dos períodos mais seminais de mudança intelectual, psicológica, filosófica e religiosa que a história
registra; não haveria nada comparável até a Grande Transformação Ocidental, que instituiu nossa modernidade científica e tecnológica.
Mas como os sábios da Era Axial, que viveram em circunstâncias tão diversas, podem falar a nossa atual condição? Por que haveríamos de buscar ajuda em Confúcio ou em Buda? Certamente um estudo desse período distante só pode ser um exercício de arqueologia espiritual, quando o que precisamos é criar uma fé mais inovadora que reflita as realidades de nosso próprio mundo. Contudo, nunca superamos de fato os achados da Era Axial. Em momentos de crise espiritual e social, homens e mulheres constantemente se voltaram para esse período à procura de orientação. Podem ter dado interpretações distintas às descobertas axiais, porém nunca as ultrapassaram. O judaísmo rabínico, o cristianismo e o islamismo, por exemplo, são rebentos tardios da Era Axial original. Como veremos no último capítulo, essas três tradições redescobriram a visão axial e a traduziram esplendidamente num idioma que falava direto às circunstâncias de seu tempo.
Os profetas, místicos, filósofos e poetas da Era Axial foram tão avançados e expuseram uma visão tão radical que gerações posteriores trataram de diluí-la.
Com isso, muitas vezes produziram exatamente o tipo de religiosidade que os reformadores axiais queriam eliminar. A meu ver, é o que tem acontecido no mundo moderno. Os sábios axiais deixaram uma importante mensagem para nossa época, porém seus achados serão surpreendentes - até chocantes - para muitos que se julgam religiosos hoje em dia. Com freqüência, presume-se, por exemplo, que ter fé é acreditar em certas proposições doutrinais. Na verdade, é comum chamar as pessoas religiosas de "crentes", como se acatar os artigos de fé fosse sua principal atividade. No entanto, a maioria dos filósofos axiais não tinha o menor interesse em doutrina ou metafísica. As crenças teológicas de um indivíduo eram totalmente indiferentes para um Buda. Alguns sábios se recusavam com firmeza até a discutir teologia, argumentando que era nocivo e desviava a atenção.
Outros diziam que era imaturo, irrealista e perverso procurar o tipo de certeza absoluta que muita gente espera encontrar na religião.
Todas as tradições que se desenvolveram na Era Axial empurraram as fronteiras da consciência humana e descobriram em seu bojo uma dimensão transcendente, mas não necessariamente a consideraram sobrenatural e, em geral, se recusaram
a discuti-la. Precisamente porque a experiência é inefável, a única atitude correta é um reverente silêncio. Por certo os sábios não tentaram impor aos outros sua visão dessa realidade suprema. Muito pelo contrário: acreditavam que, em matéria de fé, ninguém jamais deveria receber qualquer ensinamento. É essencial questionar tudo e testar todo ensinamento religioso empiricamente, através da própria experiência pessoal. De fato, como veremos, a insistência de um profeta ou de um filósofo em doutrinas obrigatórias em geral indica a perda de impulso da Era Axial. Se tivessem perguntado a Buda ou a Confúcio se acreditava em Deus, ele provavelmente teria estremecido e explicado - com grande delicadeza - que essa não era uma pergunta oportuna. Se tivessem perguntado a Amós ou a Ezequiel se era "monoteísta", se acreditava num Deus único, ele teria ficado igualmente perplexo. Monoteísmo não era a questão. Há pouquíssimas asserções inequívocas de monoteísmo na Bíblia, mas - curiosamente - a estridência de algumas dessas afirmações doutrinais contraria o espírito essencial da Era Axial.
O importante não é em que um indivíduo acredita, mas como ele se comporta.
Religião tem a ver com fazer coisas que produzem mudanças profundas no adepto. Antes da Era Axial, o ritual e o sacrifício de animais estavam no centro da busca religiosa. Vivenciava-se o divino em dramas sagrados que, como uma grande experiência teatral da atualidade, conduziam o espectador a outro nível de existência. Os sábios axiais mudaram esse quadro; ainda valorizavam o ritual, porém lhe conferiram um novo significado ético e punham a moralidade no âmago da vida espiritual. A única maneira de encontrar o que chamavam de
"Deus", "Nirvana", "Brahman" ou "Caminho" era levar uma vida compassiva. Na verdade, religião eracompaixão. Hoje em dia, muitas vezes achamos que, antes de adotar um estilo de vida religioso, temos de provar, para nossa própria satisfação, que "Deus", ou o "Absoluto", existe. É uma boa prática científica: estabelecer um princípio e só depois aplicá-lo. Mas os sábios axiais diriam que isso equivale a pôr o carro na frente dos bois. Primeiro, é preciso comprometer-se com a vida ética; depois, uma benevolência disciplinada e habitual - não uma convicção metafísica - forneceria indícios da transcendência que se procura.
Isso significa que se tem de estar pronto para mudar. Os sábios axiais não estavam interessados em dar a seus discípulos um pequeno enaltecimento edificante, após o qual eles poderiam retomar, com renovado vigor, suas vidas de sempre, centradas neles mesmos. Seu objetivo era criar uma espécie inteiramente distinta de ser humano. Todos pregavam uma espiritualidade de empatia e compaixão; insistiam na necessidade de abandonar o egocentrismo e a cobiça, a violência e a rudeza. Errado não era só matar um semelhante; não se devia nem pronunciar uma palavra áspera ou fazer um gesto irritado. Ademais, praticamente todos os sábios axiais entendem que nossa benevolência deve abranger o mundo inteiro, e não se restringir a nossa própria gente. Com efeito, a delimitação de horizontes e afinidades constitui mais uma indicação de que a Era Axial estava chegando ao fim. Cada tradição formulou sua própria versão da Regra de Ouro: não faças aos outros o que não farias a ti mesmo. Para os sábios axiais, religião é o respeito pelos sagrados direitos de todos os seres - e não a crença ortodoxa. Se agíssemos com bondade e generosidade para com o próximo, conseguiríamos salvar o mundo.
Temos de redescobrir o ethos axial. Em nossa aldeia global, não podemos mais nos dar ao luxo de uma visão estreita ou exclusivista. Precisamos aprender a viver e a nos conduzir tendo em mente que indivíduos de países distantes do nosso são tão importantes quanto nós. Os sábios da Era Axial não criaram sua ética da compaixão em circunstâncias idílicas. Essas tradições se desenvolveram em sociedades que, como a nossa, estavam, mais que nunca, despedaçadas pela violência e pela guerra; na verdade, o primeiro catalisador de mudança religiosa geralmente era uma honesta rejeição da agressividade que os sábios viam a seu redor. Quando se puseram a procurar as causas da violência na psique, os filósofos axiais penetraram em seu mundo interior e passaram a explorar um campo da experiência humana até então desconhecido.
O consenso da Era Axial é um eloqüente testemunho da unanimidade da busca espiritual do gênero humano. Todos os povos axiais descobriram que a ética da compaixão funciona. Todas as grandes tradições surgidas nessa época concordam quanto à suprema importância da caridade e da benevolência, e isso nos diz algo crucial sobre nossa humanidade. Descobrir que nossa fé se harmoniza tão profundamente com outras é uma experiência afirmativa. Sem nos afastar de nossa própria tradição, podemos, portanto, aprender com os outros a aprimorar nossa busca particular da empatia.
Para apreciar as realizações da Era Axial, temos de entender o que houve antes - ou seja, temos de conhecer a religião pré-axial da mais remota antigüidade. Nela encontramos certas características comuns que seriam fundamentais para a Era
Axial. A maioria das sociedades acreditava, por exemplo, num Deus Alto, comumente chamado de Deus Céu, por estar associado com o firmamento. Sendo algo inacessível, ele tendia a desvincular-se da consciência religiosa. Alguns diziam que ele "desapareceu"; outros, que fora violentamente deposto por uma geração mais jovem de divindades mais dinâmicas. Os indivíduos em geral sentiam o sagrado como uma presença imanente no mundo que os rodeava e dentro de si mesmos.
Alguns pensavam que deuses, homens, mulheres, animais, plantas e pedras partilhavam a mesma vida divina e estavam sujeitos a uma ordem cósmica responsável por toda a existência. Até os deuses tinham de obedecer a essa ordem e cooperavam com os homens para preservar as energias divinas do cosmo. Se tais energias não se renovassem, o mundo poderia mergulhar num vazio primordial.
O sacrifício de animais era uma prática religiosa universal na antigüidade.
Uma forma de reciclar as forças esgotadas que mantinham o mundo vivo. Havia uma firme convicção de que vida e morte, criatividade e destruição estavam inextricavelmente interligadas. As pessoas achavam que sobreviviam apenas porque outras criaturas davam a vida por elas, e, assim, reverenciavam a vítima animal por seu auto-sacrifício. Como não podia haver vida sem essa morte, alguns imaginavam que o mundo surgira em função de um sacrifício realizado no começo dos tempos. Outros contavam histórias de um deus criador que matara um dragão - símbolo comum do informe e indiferenciado - para arrancar a ordem do caos.
Quando encenavam esses eventos míticos em sua liturgia, os devotos se sentiam projetados no tempo sagrado. Com freqüência empreendiam um novo projeto, executando um ritual que representava a cosmogonia original para infundir força divina em sua frágil atividade mortal. Nada podia perdurar se não era "animado", ou provido de "alma".
A religião antiga dependia do que se denomina filosofia perene, porque está presente, de algum modo, na maioria das culturas pré-modernas. Cada pessoa, cada objeto, cada experiência aqui na terra era uma réplica - uma pálida sombra - de uma realidade existente no mundo divino. O mundo sagrado era, portanto, o protótipo da existência humana, e, por ser mais rico, mais forte e mais duradouro que qualquer coisa da terra, homens e mulheres queriam desesperadamente participar dele. A filosofia perene ainda é um fator crucial na vida de algumas tribos indígenas. Para os aborígines australianos, por exemplo, o reino sagrado do Tempo do Sonho é muito mais real que o mundo material. Vislumbres do Tempo do Sonho lhes ocorrem durante o sono ou em visões; o Tempo do Sonho é atemporal e "para sempre". Constitui um cenário estável para a vida cotidiana, constantemente enfraquecida pela morte, pelas vicissitudes, pela incessante mudança.
Quando vai caçar, o aborígine australiano imita de tal modo o procedimento do
Primeiro Caçador que se sente em completa união com ele, integrado a sua realidade mais poderosa. Depois, quando se afasta dessa riqueza primordial, teme que o reino do tempo o absorva e o reduza a nada, juntamente com tudo que ele faz.
Essa era também a experiência dos povos da antigüidade. Só existiam de verdade quando imitavam os deuses em rituais e abandonavam a solitária e frágil individualidade de sua vida secular. Só cumpriam sua humanidade quando deixavam de ser apenas eles mesmos e repetiam os gestos de outros.
Nós, seres humanos, somos profundamente artificiais. Vivemos em luta para aprimorar nossa natureza e aproximar-nos de um ideal. Mesmo hoje em dia, quando abandonamos a filosofia perene, há os que se curvam servilmente aos ditames da moda e até violentam o rosto e o corpo para reproduzir o padrão de beleza vigente. O culto da celebridade mostra que ainda reverenciamos modelos que sintetizam a "super-humanidade". Há pessoas que se desdobram para ver seus ídolos e sentem uma exaltação extática por estar perto deles. Copiam seu traje e sua conduta. Parece que temos uma propensão natural para o arquetípico e o paradigmático.
Os sábios axiais chegaram a uma versão mais autêntica dessa espiritualidade e ensinaram a buscar no próprio íntimo o eu ideal e arquetípico.
A Era Axial não é perfeita. Uma de suas maiores falhas é a indiferença pelas mulheres. Quase todas essas espiritualidades se desenvolveram num ambiente urbano, dominado pelo poderio militar e pela atividade mercantil agressiva, em que as mulheres tendiam a perder o status que detinham numa economia mais rural. Não existem sábias axiais, e, mesmo quando recebiam permissão para desempenhar um papel ativo na nova fé, as mulheres costumavam ser postas de lado. Não podemos dizer que os sábios axiais as odiavam; na maior parte do tempo, eles simplesmente não tomavam conhecimento de sua existência.
Quando falavam sobre o "grande homem", ou o "homem iluminado", não se referiam a "homens e mulheres" - apesar de que, se questionados, a maioria talvez admitisse que as mulheres também são capazes dessa liberação.
Descobri que, justamente por ser a questão das mulheres tão irrelevante para a Era Axial, qualquer discussão continuada desse tema acaba sendo maçante. Esse assunto me pareceu incômodo, todas as vezes que tentei abordá-lo. Creio que merece um estudo específico. Os sábios axiais não eram rematados misóginos, como alguns padres da Igreja, por exemplo. Eram homens de sua época e estavam tão preocupados com o comportamento agressivo de seu próprio sexo que raramente pensavam duas vezes nas mulheres. Não podemos seguir os reformadores axiais com servilidade; na verdade, tal atitude constituiria uma profunda violação ao espírito da Era Axial, segundo o qual esse tipo de conformismo nos aprisiona numa versão inferior e imatura de nós mesmos. O que podemos fazer é estender a todos, inclusive ao sexo feminino, o ideal axial de preocupação universal. Ao tentar recriar a visão axial, temos de levar em conta os melhores achados da modernidade.
Os povos axiais não tiveram uma evolução homogênea. Cada qual se desenvolveu em seu próprio ritmo. Às vezes atinaram com algo realmente digno da Era
Axial, porém recuaram. Os indianos sempre estiveram na vanguarda do progresso axial. Em Israel, profetas, sacerdotes e historiadores se acercaram do ideal esporadicamente, a intervalos, até ser exilados na Babilônia, no século VI, e viver um breve e intenso período de extraordinária criatividade. Na China houve um progresso lento e cumulativo, até Confúcio desenvolver a primeira espiritualidade axial plena, no final do século VI. Quanto aos gregos, desde o início tomaram um rumo totalmente distinto do dos outros povos.
Jaspers via na Era Axial uma contemporaneidade maior do que a existente.
Achava que Buda, Laozi, Confúcio, Mozi e Zoroastro, por exemplo, eram mais ou menos coetâneos. Estudiosos modernos revisaram essa datação. Agora sabemos que Zoroastro não viveu no século VI, e sim muito antes. É muito difícil datar com precisão alguns desses movimentos, sobretudo na Índia, onde havia pouco interesse em história e não se fez nenhuma tentativa de manter registros cronológicos precisos. Atualmente a maioria dos indólogos concorda, por exemplo, que Buda nasceu um século depois do que se pensava. E Laozi, o sábio daoísta, não é especulativas e é provável que nunca tenhamos certeza sobre elas.
No entanto, apesar dessas dificuldades, o desenvolvimento geral da Era Axial nos fornece alguns dados sobre a evolução espiritual desse importante ideal.
Seguiremos esse processo cronologicamente, mapeando o progresso dos quatro povos axiais lado a lado e observando a trajetória da nova visão, que pouco a pouco se arraigou, teve um crescimento e se esvaeceu no final do século III. Mas a história não acabou aí. Os pioneiros da Era Axial lançaram os alicerces sobre os quais outros puderam construir. Cada geração tentaria adaptar esses achados originais a suas próprias e peculiares circunstâncias, e essa deve ser nossa tarefa hoje em dia.
Karen Armstrong
Escritora

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