Nestas próximas postagens procurarei descrever as varias Nações africanas que vieram habitar neste país continente que é o Brasil. Poderemos ver nestas postagens alguns aspectos do panteão Divino que estes povos trouxeram e darei início com a nação Jeje Mahi.
O povo de Dan que habitou por muito tempo o Dahomey e que tem seu significado como:
Dan = serpente - homey - terra divinizada, ou seja Terra da serpente divina.
Dan para a nação Jeje Mahi, é considerado o maior Vodun dentro do culto.
A família de Dan é composta por muitos Voduns, todos eles com sua importância
para os povos Fon. Dizem os mais antigos que, existem 3 reis e patronos da
nação Jeje Mahi: Dàn Gbè (Bessém), Sògbò e Azansú. Assim como Oxóssi tem sua
importância para o Ketu, e Kitembo tem sua importância para Angola, esses três
reis seriam a grande potência da nação, sendo reverenciados e cultuados por
todos os filhos, independentes de seus voduns. Dentre esses três reis, se
destaca Bessém por ser um dos primeiros deuses a existir e dele tudo nascer.
Bessém é a serpente da vida, aquela cujo morder a própria cauda deu origem ao
movimento de rotação e translação da terra e a partir daí, sendo possível a
existência de vida no planeta. Os patriarcas da família de Dan é o casal Áídò
Wèdò e Dàn gbállà. Àídò Wèdò seria a serpente arco-íris e Dàn gbállà seria seu
reflexo nas águas. Logo Dan seria a origem de tudo no planeta, sendo um dos
responsáveis por sua existência e por sua habitação. Dentro da nação Jeje, Dan
é o maior vodun, e a serpente, seu maior símbolo, sendo a representação viva de
seu poder. A serpente representa o movimento e o dinamismo, uma vez que
consegue se locomover com extrema facilidade e habilidade sem ser provida de
patas ou outros membros; representa também a transformação, a evolução e a
metamorfose, uma vez que troca de pele e se renova com frequência para poder
crescer e se expandir; além de ser uma hábil caçadora e algumas espécies serem
detentoras de poderosos venenos, mostrando seu poder e ao mesmo tempo exigindo
cautela e respeito por parte dos demais animais e até mesmo nós seres humanos.
Dan não é só representado pela serpente mas também pelo arco-íris que da mesma
forma, possui grande significado para os dahomeanos uma vez que, sua presença
nos céus é presságio de que não irá mais chover além de encantar pela sua
beleza. No antigo Dahomey, são inúmeras as lendas que mistificam a natureza
dessa divindade, sempre enaltecendo sua grandeza, sua realeza e seu poder.
Muitos são os voduns que compõe a família Dan, sendo Bessém (também chamado de
Bafono) o mais conhecido e louvado, sendo seu nome sinônimo da própria Dan.
Destacam-se também Frekwén ou Kwénkwén, Ojikún ou Dan Jikún, Bossá ou Bossalabê
e seu irmão gêmeo Bosukó, Dan Ikó ou Dankó, Azannadô ou Azoannadô, dentre
outros, cada um com sua particularidade e mitos. Na iniciação de um vodun Dan o
sacerdote tem todo cuidado para inciar o vodun em sua fase humana pois, sua
fase serpente é muito perigosa e incapaz de entender os sentimentos, sendo
apenas invocada em rituais e determinados atos. A grande festividade para esse
vodun é o Gboitá, ritual realizado no início do ano e que envolve todos os
demais voduns, cada um recebendo as oferendas cabíveis e sacrifícios em seus
Atisás (árvores sagradas com assentos). Após o Zandró, todos os voduns são
invocados e já saem vestidos no arrebate, não existindo roda para invocá-los na
sala. Seu presente, o gbòitá é carregado por Ogun e depois posto aos seus pés,
iniciando assim o ano e agradecendo pela vida e por todo seu poder. O àndè
(poço) é seu principal símbolo e é indispensável dentro de uma casa de Jeje. O
poço simboliza a abundância (uma vez que enquanto tiver poço, se tem água e
nunca faltará), além de representar um portal, entre o mundo subterrâneo e o
nosso mundo, extraindo água do interior da terra, unindo de certa forma, ambos
os elementos. Dan simboliza a riqueza, a prosperidade e a abundância. Une o
macho e a fêmea, sendo sempre cultuado em casal e recebendo como sacrifícios
animais de ambos os sexos. Dizem os mais antigos que serpente nunca anda só,
onde uma está a outra está por perto, a espreita. Para os iorubás Dan é chamado
de Òsúmárè, deixando de exercer função de rei para ser súdito de Xangô
(divindade do fogo e trovões). Segundo os mitos iorubás, Oxumaré leva água para
o castelo de Xangô, no alto das nuvens, representando a devolução, trazendo
água da terra para o céu e vice-versa. Essa transformação de Rei para súdito se
dá pelo fato de conflitos entre povos Dahomeanos e povos iorubás, onde ambos sempre
tentavam invadir suas cidades e escravizar seus habitantes. O fato é que
Dahomey e demais povos iorubás sempre guerrearam, gerando uma aglutinação de
cultos e distorção de fatos. Dan é o grande Deus da transformação, senhor da
vidência juntamente com Fá (vodun similar ao orixá Òrúnmíllá dos povos iorubás)
englobando tudo o que se diz respeito ao presente, passado e futuro. Representa
a sorte, a versatilidade e o conhecimento, sendo a divindade do raciocínio e da
expansão. Tem como colares o brájá (feito de búzios devidamente encaixados
lembrando escamas de serpente, representando a realeza e a riqueza) e o
húnjèvè, sendo este dado apenas aqueles cujo processo de iniciação está
completo, com suas obrigações pagas, representando a maior idade e sendo o único
colar que vai com o neófito mesmo após sua morte, como se fosse uma espécie de
“senha” para ser recebido no mundo dos Voduns. Seu simbolo é o Draká, seta
adornada com duas serpentes mas, não é errado vermos alguns voduns Dàn com
outras insígnias em suas mãos tais como Adaga, òfá, garras, ágbégbé. variando
conforme conhecimento do sacerdote e caminhos do Vodun. Sua vestimenta varia
conforme vodun, mas sua cor preferida é o branco, por simbolizar a união de
todas as cores.
Frekwen, Flekwen ou Kwenkwen: Feminina, irmã gêmea de Tokwen e
ambos são filhos
de Aido Wedo e Dangbala. Guardiã do arco-íris em volta do sol. Também conhecida
como Frekenda. Alguns dizem que é representada pelas cobras venenosas.
Considerada pelos Jeje Mahi como a esposa (ou uma das esposas) de Bessém.