domingo, 12 de agosto de 2012

O templo fala ao discípulo...




O templo fala ao discípulo...
Hoje ao acordar, recebi de meus filhos os parabéns pelo dia dos Pais,  apesar deles saberem que eu tenho estas datas comemorativas como apelativas ao consumo, sei que fizeram com o amor que lhes é próprio.
Como toda manhã procuro fazer uma reflexão, fiz um apanhado de minha convivência com  meu pai espiritual e minha caminhada junto a ele, e sendo assim, o que escrevo agora é parte de minha vida espiritual.
No início de 1979, fui convidado por um amigo a visitar um templo de Umbanda no bairro do Ipiranga, localizado a rua Agostinho Gomes na cidade de São Paulo. Cheguei por volta das 19:30 e aguardei a chamada para a consulta. Naquele dia ocorria uma gira de Caboclos e, apesar de não estar acostumado a frequentar terreiros, eu notei que tinha um médium que destoava das demais entidades, pois fazia seus atendimentos de joelhos, e também  tinha um nome diferente, chamava-se Chico Preto...
Fui designado a consultar com esta entidade, e neste momento foi um choque para mim, a entidade me contou detalhes de um sonho que eu tivera e disse que eu tinha um Caboclo das águas a me proteger e o mesmo queria trabalhar mediunicamente comigo.
Fui convidado a pertencer àquele templo/terreiro e por lá fiquei  seis meses. Em um determinado dia daquele ano, houve uma gira de Pretos-Velhos e para meu assombro, no final do rito, uma entidade de nome Pai Antonio me chamou e traçou no chão alguns sinais  pedindo que eu olhasse e comparasse  se no congá existia algum sinal parecido com aquele, eu disse que não e então ele me disse que eu não pertencia aquela casa e sim a uma casa que utilizava aqueles tipos de sinais.
Lógico que eu não entendia nada, mas o pai-velho me tranquilizou dizendo que eu falasse com seu "cavalo" e ele me orientaria.
Este rapaz conhecia o templo que o pai-velho dizia e em uma quarta-feira me levou a rua Lorde Cockrane no bairro do Ipiranga. Naquele endereço existia a Ordem Iniciática do Cruzeiro Divino, dirigida pelo pai Rivas, o nosso mestre Arhapiagha.
Era um dia de aula interna e pude ouvir coisas interessantíssimas,  apesar de pouco entender daqueles assuntos. Ao final da aula, depois do mestre atender aos filhos da casa, foi ter conosco já em adiantado da hora (1:00 da madrugada)  e no corredor da casa, olhou para mim e disse: você tem o Caboclo 7 Cachoeiras e precisa vir no rito de atendimento (na sexta-feira), disse ainda que eu tinha perdido um irmão de acidente ...E tudo isso era verdade, pois perdi um irmão de acidente de automóvel em 1972. Naquela noite, fomos comer uma pizza na pizzaria do Pedrinho na rua Silva Bueno e depois de longos bate-papos, em estado de êxtase espiritual, reencontrei meu mestre de longa data.
Na sexta-feira de atendimento, estive presente e esperei para ser atendido por último pelo Caboclo Cobra Coral. Ao me levantar do banco e entrar na areia do congá, ele logo veio e, colocando a mão em minhas costas disse: vou tirar esta dor para você.  Eu estava com aquela dor há muito tempo e pude sentir a mesma desaparecer em segundos.
O Sr. Cobra Coral,  em conversa comigo, pediu que eu voltasse na próxima quarta-feira pois a mesma era de desenvolvimento mediúnico e ele precisaria fazer algumas coisas específicas, e que  naquele momento não poderia fazer. Lá voltei no dia combinado. Para meu espanto, ele me colocou de frente para a cruz e me fez ficar de joelhos, colocou as guias do mestre em minhas mãos e falou pela primeira vez meu nome iniciático - Ygbere, e que a partir daquele momento eu estava ligado novamente à corrente Astral de Umbanda.
Em 1980 a OICD foi transferida para o bairro da Água Funda na rua Chebl Massud, e lá pude iniciar meus trabalhos com as entidades que me acobertam e que, por uma necessidade cármica, logo passaram a fazer seus atendimentos através de mim.
Não quero estender muito meu texto, afinal falar de 34 anos de convivência, sendo 29 anos como iniciado, eu precisaria escrever um livro, mas acho necessário lembrar algumas passagens e que ilustram fidedignamente a presença de um mestre para seu discípulo...
 Em janeiro de 1981, tive um sonho e naquele sonho um mestre astral me passava alguns instrumentos de poder para que eu vencesse alguns obstáculos e que são comuns para uma iniciação superior, conforme palavras de meu mestre. No dia seguinte ao sonho, através de um telefonema, contei ao mestre  e o mesmo disse que falaria comigo depois. No dia seguinte, o mestre me telefonou e disse que o Pai  Moçambique ( o pai - velho que me acoberta) tinha ditado a ele algumas coisas e pedia para passar para mim. Com extrema ansiedade, própria do noviço, fui encontrá-lo em sua casa e, para meu total espanto, ele me entregou várias folhas escritas que continham toda a minha vida dali para frente, com as dificuldades que iria encontrar na saúde, no amor, no trabalhos e na vida espiritual. Mas como se  não  bastasse, ele dava os preceitos que eu deveria fazer na Natureza e os sinais riscados do trabalho, bem como o sinal do Pai Joaquim para vencer estas etapas. Naquele dia 10 de janeiro de 1981 ele me dava o 3º grau na iniciação.
Recebi minha cruz iniciática no meu 4º grau, em 17 de abril de 1983, e fui iniciado pelo mestre Arhapiagha depois de ter percorrido e vivenciado com ele aulas difíceis, mas necessárias a uma iniciação verdadeira, feitas por um Mestre consumado, fiel a sua linhagem e que possui muitas encarnações a frente das nossas, sempre trazendo luz a escuridão de nossos interiores.
Nestes anos todos, Mestre Arapiagha proporcionou a mim rituais e ensinamentos que marcaram para sempre. Como posso esquecer os ritos de Ashé, onde varávamos a noite louvando os Orixás? Como esquecer o sr. 7 Espadas que trouxe tantos ensinamentos e nos fez entender que por meio da disciplina alcançamos a naturalidade? E como esquecer seus ritos de Amacys, onde o integrante da casa tinha que passar por sete ritos, cada qual com a vibratória correspondente? Eu tive a grata felicidade de passar por todos os ritos e mais alguns dos outros integrantes, pois eu estava lá para preparar antecipadamente os materiais no sábado, que antecedia o rito, e ficávamos com o mestre em contemplação após tudo estar montado...
E a maior oportunidade de todas elas, conhecer o Vô Matta e Silva quando esteve por várias vezes na OICD, fazendo o casamento de um irmão da casa participando de uma gira de atendimento público com  o Caboclo e o Pai - Velho, entregando a pemba do Pai Guiné no aniversário do nosso mestre e estive presente na transmissão da raiz feita pelo Vô Matta e Silva em um ritual inesquecível...Que oportunidade única!
Estive também em Itacuruça com o mestre e pudemos conversar longamente com o mestre Yapacani, e que conversas... meninos eu vi!
Poderia escrever aqui muitas coisas que vivi, afinal já são 34 anos, mas acredito não ser necessário, pois apenas escrevi no intuito de lembrar aos que têm a alegria, o beneplácito, a oportunidade real de ter um Mestre, um Pai e um Amigo como eu tenho, com certeza estes saberão o que digo nestas poucas linhas.
Aos que continuam no caminho, perseverem, trabalhem e sejam dignos daquele que estendeu suas mãos sobre nossas cabeças.

Ashé Baba mi Ifatosho!

Longa vida ao Payé de Luz!

Longa vida ao Mestre Arhapiagha

Ygbere

P. S. Todos estes momentos que citei possuo documentos com data e hora.
  

Um comentário:

  1. E foi assim que aconteceu comigo também. Eu Cyaobá, filha do Mestre Arapiagha, irmã de sangue e alma de Ygbere, embora hoje, distante fisicamente do Templo, continuo fiel aos ensinamentos que abriram minha mente e coração.
    Peço a benção ao meu Mestre.

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